A juventude digital

O escritor Monteiro Lobato, criador do Sitio do Pica-pau Amarelo em 1922, não imaginou que um dia os personagens de sua historinha pudessem estar tão antenados com as novas tecnologias do século XXI. Naquela época, palavras que hoje pairam sobre a atmosfera natural das pessoas, como celular, internet, e-mail e videogame nem existiam.
 Atualmente, a história, transformada em novelinha matinal e transmitida pela TV Futura, mostra Emília e sua turma utilizando computadores, celulares entre outros aparatos tecnológicos, tão comuns entre os jovens de hoje. É a ficção adaptando-se à realidade.
 As novas tecnologias vêm alterando o modo de vida das pessoas social e culturalmente. O que antes era visto apenas em filmes de ficção científica, hoje é encarado com grande naturalidade, principalmente, pela chamada Geração Digital (formada por jovens que nasceram em meados dos anos 80).
 Para a estudante Janaina Pinheiro, de 19 anos, ficar sem acessar a internet um dia já é o suficiente para deixá-la  ansiosa. “A internet já faz parte de minha rotina, entro para fazer pesquisas, ouvir música e conversar com meus amigos. Fico péssima quando passo um dia sem acessar”. Juliana não tem computador em casa e, segundo ela, gasta em média R$ 4,00 por dia para acessar a rede.
 Segundo uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Informação do Ponto BR – NIC.BR, 36% da população do Brasil possuem computador em casa mas, apenas, 27% tem acesso a internet.
 Baixar jogos e músicas, participar de sites de relacionamentos e conhecer pessoas através de salas de bate papo, tornou-se algo normal e imprescindível na vida da estudante Fabiana Mendonça, de 21 anos. Segundo Fabiana, que possui mais de oitocentos amigos no orkut, já teclou com eles pelo menos uma vez, mas não conhece nem a metade de seus amigos virtuais.
 O Brasil está em entre os três paises com maior número de usuários do Orkut – um dos sites de relacionamento de maior sucesso mundial. Segundo dados do próprio Orkut, dos 32 milhões de perfis cadastrados, 61,9% se declaram brasileiros.
 “Gosto de fazer amigos, fico horas na net batendo papo e ouvindo música. Meu celular está diretamente conectado ao meu msn, fico on line quase o dia todo”,diz a estudante, e completa afirmando que a  internet e o seu celular já fazem parte de sua vida: “É como se fosse um terceiro braço. Eles são fundamentais em minha vida, não sei viver sem eles.      
 Pessoas como Fabiana, que nascem e crescem com um computador a disposição e ganharam intimidade com um celular muito cedo, têm impregnado na própria pele uma visão de mundo interligada à tecnologia, à praticidade e à velocidade, não conseguem mais imaginar seu cotidiano sem estes aparatos.  
 O celular é, talvez, o ícone que mais simboliza essa nova geração de jovens e adolescentes. Aliados a designs modernos e sofisticados, este pequeno aparelho vem agregando, cada vez mais, funções de outros objetos da vida moderna. “Ganhei meu primeiro celular quando tinha 15 anos, era um aparelho simples e muito grande, mas fiquei muito feliz. De lá para cá, nunca mais fiquei sem celular. Hoje tenho um de dois chips, com TV, Mp6, filmadora e até internet. Acho isso muito cômodo, diz O estudante de Direito, Felipe Rios, de 26 anos.    
 A professora do curso de pedagogia da Universidade Estadual da Bahia, Josimara Miranda, diz que existem dois lados, quando o assunto é o uso dessas novas tecnologias pelos jovens. “O acesso à informação é uma ferramenta pedagógica indispensável para a formação do sujeito, principalmente em pequenas cidades, onde é mais difícil o acesso a fontes de pesquisa, pela falta de bibliotecas. Já o lado negativo esta no uso indevido da tecnologia quando os estudantes utilizam os laboratórios apenas para visitar sites de relacionamentos ou utilizam o aparelho celular em sala de aula interrompendo o andamento da aula e causando problemas de concentração para professores e alunos, ressalta a pedagoga.
 Essas novas ferramentas tecnológicas contribuem para que a juventude possa viver esta fase da vida, de acordo com suas característica e necessidades próprias de forma diferente. E procurando se afirmar cada vez mais no grupo ao qual pertence.
 Talvez, futuramente, a Emília de Monteiro Lobato tenha deixar seu corpo de pano e se transformar em uma boneca cibernética para chamar atenção dessa nova geração.

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