Águas que curam no sertão baiano

Caldas do jorro, situada no sertão baiano, a 245 km de Salvador, seria só mais uma cidadezinha no meio da caatinga, não fosse um fenômeno natural que acontece na região: uma água que jorra na praça da cidade desde 1949, sem interrupção, saindo de uma profundidade de 1861 metros, aproximadamente, chegando à superfície terrestre com uma temperatura que atinge 48 graus. A água, considerada medicinal, atrai pessoas de diversas partes do Brasil e do mundo que vêem no líquido “milagroso” a esperança de cura para diversas doenças como reumatismo, sinusite, gastrite, alergias etc.
Qual é o lugar, debaixo do chão, onde tem fogo e tem enxofre? Qual é o lugar, qual é?”. Essa indagação feita pela escritora Rachel de Queiroz ao escrever uma crônica sobre Caldas do Jorro, publicada na antiga revista O Cruzeiro em 1962 no Rio de janeiro, nos leva a pensar que a água quente que emerge ali, tem ligação com o inferno ou coisa parecida. Mas não é. A água tem cheiro de enxofre, vem debaixo do chão com uma temperatura elevada, possui poder de cura, segundo especialistas, mas não tem nenhuma ligação com o “demônio”, como insinua a escritora.
Segundo a professora de geografia Mariana Meireles, a água do jorro é originária do encontro de dois lençóis freáticos que formam a bacia hidrográfica de Tucano, a maior da região, e sua temperatura elevada deve-se, provavelmente, ao aquecimento proveniente de rochas quentes encontradas próximo ao núcleo da terra. “Apesar de não haver estudos aprofundados sobre o poço, suspeita-se que um desses lençóis, o mais profundo, passa sobre rochas quentes, a água, em contato com essas rochas, também vai ganhando pressão. Como os reservatórios estão submetidos a uma grande pressão, o caminho natural da água é voltar à superfície, isso se houver alguma fresta para ela escapar. Foi o que aconteceu quando perfuraram o poço, criou-se um caminho de fuga para que essa água, sob pressão, emergisse de forma rápida chegando à superfície com uma temperatura elevada”, conclui a professora.
Estudos químicos e fisioquímicos realizados no poço em 1962 mostraram que a água contém diversos minerais, como enxofre, magnésio, potássio, cálcio entre outros, o que justificaria a cura de diversas doenças, principalmente relacionadas a problemas de pele e gastrointestinais. “A água é indicada para pessoas com problemas intestinais, no fígado e rins, doenças alérgicas e gastrites. Os elementos contidos na composição em sua composição auxiliam no tratamento dessas doenças, só não é indica para pessoas que possuam problemas cardíacos e hipertensão, pois, a alta temperatura acelera os batimentos cardíacos”, explica o médico Doutor Augusto Rios.
O médico também explica que apesar de ser considerada mineral, segundo o Código de Águas Minerais, a água não pode ser comercializada por conter uma alta quantidade de enxofre que lhe atribui o cheiro peculiar do elemento. “A maioria da população a utiliza para o consumo, mas essa água quente não pode ser engarrafada por que ela estraga e cheira mal”, disse o Doutor.
Para o turista paranaense, Marciel Rocha, 53 anos, “a água é excelente para relaxar”, mas chamou a atenção para um problema da cidade: o desperdício. “fiquei surpreso quando perguntei a um morador para onde ia toda essa água e ele me respondeu dizendo que ia para duas lagoas ali próximas. A água é excelente para relaxar, porém, não compensa o desperdício”, desabafa o turista.
Hoje, o jorro possui pouco mais de 11 mil habitantes uma rede de bares, restaurantes e hotéis para atender os diversos tipos de turistas quem vão para a cidade, seja pra se tratar ou apenas para curtir a água e o clima da região  

Um comentário:

  1. Que bom ver o 'nosso' Joro ser valorizado em seu blog,é uma pena um lugar que já foi uma Estância Hidromineral ser rebaixado a distrito e sofrer com falta de políticas públicas que elevem o potencial de seus munícipes,uma ótima iniciativa que teve para divulgar a nossa terra,parabéns...

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