Vou me permitir


 A partir de hoje eu irei me PERMITIR mais...
 Deixarei de lado certas convenções, que até então eu acreditava, para viver coisas novas.
 Acreditarei menos nas pessoas e mais em minha intuição (ela é mais confiável).
 Cuidarei mais do corpo, da pele e vou seguir a recomendação de Bial: usarei filtro solar.
 Baixarei a guarda para o amor e suas novas possibilidades.
 Aceitarei mais convites para jantar, dançar ou ir a lugares inusitados (ou programas inusitados), sempre podemos tirar alguma coisa boa disso tudo, nem que seja a experiência de viver algo novo e ter histórias para contar.
 Resolverei o meu problema e o de Drummond: destruirei a “pedra no meio do caminho”, assim, a estrada terá livre acesso ao desconhecido.
 Darei mais risada com os amigos, jogarei conversa fora...Aumentarei minha rede de relacionamento (é sempre bom conhecer gente nova).
 Expressarei mais o que sinto, sem a preocupação com o quê os outros irão pensar.
Serei menos prudente,se preciso, quebrarei as regras para aproveitar melhor a diversão.
 Vou me permitir a contemplar melhor o por do sol e o céu estralado lá do interior.
Ouvirei mantras budistas e trabalharei a arte da meditação.
 Quero “sentir a minha língua roçar língua de  Camões” como Caetano Veloso sentiu.
 Estou pronto para “abandonar as roupas usadas” e fazer a travessia que Fernando Pessoa eternizou.
 “Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.” Eu me rendo Lispector...

E tinha uma garrafa no meio do caminho...


È impressionante a quantidade de garrafas pets descartadas todos os dias no Brasil. Hoje, um mercado que produz cerca de nove bilhões de unidades anualmente, 53% não são reaproveitadas.
 E para onde vão todas as outras garrafas que não são recolhidas pelas indústrias de reciclagem? Muito simples, e preocupante, basta olhar em volta, elas estão em toda parte poluindo rios, entupindo bueiros ou mesmo jogadas no meio da rua – claro que a falta de educação contribui muito para que isso aconteça.
Para se ter uma ideia, uma garrafa pet leva mais de quatrocentos anos para desaparecer da natureza. Pobre natureza, sempre a mais prejudicada, porém, como estamos ligados intrinsecamente a ela pagamos o preço pelos nossos atos. Pobre de nós? Não.
Parafraseando o autor do livro “O pequeno Príncipe” Antonie de  Saint- exupéry, somos responsáveis por aquilo que descartamos. E aí quando acontece uma enchente e alaga as ruas das cidades eis que surgem como formigas saindo de formigueiros, misturadas a outros tantos entulhos, as benditas garrafas. E a culpa por isso sempre é do visinho. Temos a mania de se isentar das responsabilidades e colocar a culpa no outro.
 Foi observando a minha volta que percebi que era possível contribuir com a natureza e de quebra ganhar um trocado através daquelas garrafas que encontrava no meio do caminho (isso me fez lembrar Drummond). Como? Reutilizando-a.
 Você deve estar pensando que uso a garrafa para colocar água na geladeira não é? Apesar de ser, também, uma boa ideia não é isso que faço. Transformo o “lixo” em arte, dando, dessa forma, um novo significado a garrafa, enquanto chamo atenção para um problema comum em nossa sociedade. “Quanta garrafa” essa é primeira reação das pessoas quando se deparam com minhas obras.
 Não sou artista plástico e também não é necessário ser um para fazer arte, basta ter um pouco de criatividade e ousadia e curiosidade. Isso eu sempre tive de sobra.
Hoje, além de dar a minha contribuição a natureza tiro uma grana extra para pagar as contas.     

A juventude digital

O escritor Monteiro Lobato, criador do Sitio do Pica-pau Amarelo em 1922, não imaginou que um dia os personagens de sua historinha pudessem estar tão antenados com as novas tecnologias do século XXI. Naquela época, palavras que hoje pairam sobre a atmosfera natural das pessoas, como celular, internet, e-mail e videogame nem existiam.
 Atualmente, a história, transformada em novelinha matinal e transmitida pela TV Futura, mostra Emília e sua turma utilizando computadores, celulares entre outros aparatos tecnológicos, tão comuns entre os jovens de hoje. É a ficção adaptando-se à realidade.
 As novas tecnologias vêm alterando o modo de vida das pessoas social e culturalmente. O que antes era visto apenas em filmes de ficção científica, hoje é encarado com grande naturalidade, principalmente, pela chamada Geração Digital (formada por jovens que nasceram em meados dos anos 80).
 Para a estudante Janaina Pinheiro, de 19 anos, ficar sem acessar a internet um dia já é o suficiente para deixá-la  ansiosa. “A internet já faz parte de minha rotina, entro para fazer pesquisas, ouvir música e conversar com meus amigos. Fico péssima quando passo um dia sem acessar”. Juliana não tem computador em casa e, segundo ela, gasta em média R$ 4,00 por dia para acessar a rede.
 Segundo uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Informação do Ponto BR – NIC.BR, 36% da população do Brasil possuem computador em casa mas, apenas, 27% tem acesso a internet.
 Baixar jogos e músicas, participar de sites de relacionamentos e conhecer pessoas através de salas de bate papo, tornou-se algo normal e imprescindível na vida da estudante Fabiana Mendonça, de 21 anos. Segundo Fabiana, que possui mais de oitocentos amigos no orkut, já teclou com eles pelo menos uma vez, mas não conhece nem a metade de seus amigos virtuais.
 O Brasil está em entre os três paises com maior número de usuários do Orkut – um dos sites de relacionamento de maior sucesso mundial. Segundo dados do próprio Orkut, dos 32 milhões de perfis cadastrados, 61,9% se declaram brasileiros.
 “Gosto de fazer amigos, fico horas na net batendo papo e ouvindo música. Meu celular está diretamente conectado ao meu msn, fico on line quase o dia todo”,diz a estudante, e completa afirmando que a  internet e o seu celular já fazem parte de sua vida: “É como se fosse um terceiro braço. Eles são fundamentais em minha vida, não sei viver sem eles.      
 Pessoas como Fabiana, que nascem e crescem com um computador a disposição e ganharam intimidade com um celular muito cedo, têm impregnado na própria pele uma visão de mundo interligada à tecnologia, à praticidade e à velocidade, não conseguem mais imaginar seu cotidiano sem estes aparatos.  
 O celular é, talvez, o ícone que mais simboliza essa nova geração de jovens e adolescentes. Aliados a designs modernos e sofisticados, este pequeno aparelho vem agregando, cada vez mais, funções de outros objetos da vida moderna. “Ganhei meu primeiro celular quando tinha 15 anos, era um aparelho simples e muito grande, mas fiquei muito feliz. De lá para cá, nunca mais fiquei sem celular. Hoje tenho um de dois chips, com TV, Mp6, filmadora e até internet. Acho isso muito cômodo, diz O estudante de Direito, Felipe Rios, de 26 anos.    
 A professora do curso de pedagogia da Universidade Estadual da Bahia, Josimara Miranda, diz que existem dois lados, quando o assunto é o uso dessas novas tecnologias pelos jovens. “O acesso à informação é uma ferramenta pedagógica indispensável para a formação do sujeito, principalmente em pequenas cidades, onde é mais difícil o acesso a fontes de pesquisa, pela falta de bibliotecas. Já o lado negativo esta no uso indevido da tecnologia quando os estudantes utilizam os laboratórios apenas para visitar sites de relacionamentos ou utilizam o aparelho celular em sala de aula interrompendo o andamento da aula e causando problemas de concentração para professores e alunos, ressalta a pedagoga.
 Essas novas ferramentas tecnológicas contribuem para que a juventude possa viver esta fase da vida, de acordo com suas característica e necessidades próprias de forma diferente. E procurando se afirmar cada vez mais no grupo ao qual pertence.
 Talvez, futuramente, a Emília de Monteiro Lobato tenha deixar seu corpo de pano e se transformar em uma boneca cibernética para chamar atenção dessa nova geração.

Águas que curam no sertão baiano

Caldas do jorro, situada no sertão baiano, a 245 km de Salvador, seria só mais uma cidadezinha no meio da caatinga, não fosse um fenômeno natural que acontece na região: uma água que jorra na praça da cidade desde 1949, sem interrupção, saindo de uma profundidade de 1861 metros, aproximadamente, chegando à superfície terrestre com uma temperatura que atinge 48 graus. A água, considerada medicinal, atrai pessoas de diversas partes do Brasil e do mundo que vêem no líquido “milagroso” a esperança de cura para diversas doenças como reumatismo, sinusite, gastrite, alergias etc.
Qual é o lugar, debaixo do chão, onde tem fogo e tem enxofre? Qual é o lugar, qual é?”. Essa indagação feita pela escritora Rachel de Queiroz ao escrever uma crônica sobre Caldas do Jorro, publicada na antiga revista O Cruzeiro em 1962 no Rio de janeiro, nos leva a pensar que a água quente que emerge ali, tem ligação com o inferno ou coisa parecida. Mas não é. A água tem cheiro de enxofre, vem debaixo do chão com uma temperatura elevada, possui poder de cura, segundo especialistas, mas não tem nenhuma ligação com o “demônio”, como insinua a escritora.
Segundo a professora de geografia Mariana Meireles, a água do jorro é originária do encontro de dois lençóis freáticos que formam a bacia hidrográfica de Tucano, a maior da região, e sua temperatura elevada deve-se, provavelmente, ao aquecimento proveniente de rochas quentes encontradas próximo ao núcleo da terra. “Apesar de não haver estudos aprofundados sobre o poço, suspeita-se que um desses lençóis, o mais profundo, passa sobre rochas quentes, a água, em contato com essas rochas, também vai ganhando pressão. Como os reservatórios estão submetidos a uma grande pressão, o caminho natural da água é voltar à superfície, isso se houver alguma fresta para ela escapar. Foi o que aconteceu quando perfuraram o poço, criou-se um caminho de fuga para que essa água, sob pressão, emergisse de forma rápida chegando à superfície com uma temperatura elevada”, conclui a professora.
Estudos químicos e fisioquímicos realizados no poço em 1962 mostraram que a água contém diversos minerais, como enxofre, magnésio, potássio, cálcio entre outros, o que justificaria a cura de diversas doenças, principalmente relacionadas a problemas de pele e gastrointestinais. “A água é indicada para pessoas com problemas intestinais, no fígado e rins, doenças alérgicas e gastrites. Os elementos contidos na composição em sua composição auxiliam no tratamento dessas doenças, só não é indica para pessoas que possuam problemas cardíacos e hipertensão, pois, a alta temperatura acelera os batimentos cardíacos”, explica o médico Doutor Augusto Rios.
O médico também explica que apesar de ser considerada mineral, segundo o Código de Águas Minerais, a água não pode ser comercializada por conter uma alta quantidade de enxofre que lhe atribui o cheiro peculiar do elemento. “A maioria da população a utiliza para o consumo, mas essa água quente não pode ser engarrafada por que ela estraga e cheira mal”, disse o Doutor.
Para o turista paranaense, Marciel Rocha, 53 anos, “a água é excelente para relaxar”, mas chamou a atenção para um problema da cidade: o desperdício. “fiquei surpreso quando perguntei a um morador para onde ia toda essa água e ele me respondeu dizendo que ia para duas lagoas ali próximas. A água é excelente para relaxar, porém, não compensa o desperdício”, desabafa o turista.
Hoje, o jorro possui pouco mais de 11 mil habitantes uma rede de bares, restaurantes e hotéis para atender os diversos tipos de turistas quem vão para a cidade, seja pra se tratar ou apenas para curtir a água e o clima da região